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Sabe aquela sensação maravilhosa
de estar com as contas em dia, saber que sua grana está bem investida e ainda
ter o suficiente na mão para uma bela viagem de férias (ou para aquele projeto
que não sai da sua cabeça)?
Existem várias maneiras de
garantir que isso nunca aconteça. Eis algumas das principais estratégias para
passar a vida inteira contando migalhas.
1. Sua única fonte de renda é seu
salário ou o que você ganha como profissional autônomo.
Esse é um dos principais. Você
trabalha, recebe uma grana e usa essa grana para viver. Todo mês. O problema é
que virou normal viver assim, no automático, mês a mês. Aí você se convence de
que, se todo mundo faz isso, então tá tudo certo.
2. Você acha que empreender ou
investir dinheiro são algo arriscado.
Dizem que empreender é arriscado,
mas não há risco maior que depositar o controle da vida financeira da sua
família nas mãos do seu chefe ou diretor, das políticas trabalhistas
imprevisíveis da empresa ou de uma carteira flutuante de clientes. O mais arriscado
é seguir dependendo de emprego em um mundo que está mudando completamente. No
fundo, o que é arriscado não é empreender ou investir, mas fazer um ou outro
sem conhecimento e planejamento suficientes.
3. Você caiu no conto da
felicidade pelo consumo.
Criou o hábito de trocar dinheiro
por bem-estar? Ora, de que adianta ter grana se não for para comer em
restaurantes bacanas, torrar em baladas iradas (agregando valor ao camarote),
trocar de carro, comprar uma casa maior, viajar para o exterior ou adquirir o
último modelo de iPhone, não é? Precisar ostentar símbolos de riqueza material
ou comprar coisas para aplacar a angústia existencial, a insegurança ou a
ansiedade são caminhos seguros... para a ruína financeira.
4. Você está atolado(a) em
dívidas.
Bom, esse eu nem preciso
comentar. Juros de cheque especial e de cartão de crédito são a porta do
inferno. É por isso que os principais bancos quebram recordes de lucratividade
ano a ano. E você não.
5. Você gasta tudo o que ganha.
Aí um dia você recebe uma promoção.
Ou conquista mais alguns clientes. Naturalmente, seu padrão de vida também
sobe. Não vai mais almoçar no Burger King; agora é Outback. Nada de Praia
Grande: agora é Maresias! Ou Leblon. Ou Ibiza. Afinal, a vida é curta. (E o
dinheiro, pelo jeito, também será).
6. Você confunde ricos de verdade
com novos ricos.
Novos ricos são ex-classe média
com dinheiro. Deslumbrados, têm o hábito de postar regularmente nas redes
sociais fotos de pratos de comida, do carro novo ou de destinos de turismo de
gosto duvidoso. Ricos de verdade são discretos, preferem a sobriedade à
ostentação. Conhecem o jogo do dinheiro, suas armadilhas e ilusões. (Sim, em
ambos os casos, há exceções).
7. Você se enche de bens que
obrigam você a trabalhar cada vez mais - para sustentá-los.
No Oriente, dizem que não é você
que possui seus bens; são eles que possuem você. Daí os movimentos de
minimalistas e as diferentes tendências de simplificar e desacelerar a vida. Se
você tem menos bens, sobra mais espaço e energia para você dedicar ao que
realmente importa.
8. Você não tem familiaridade com
a dinâmica dos juros compostos e dos ativos financeiros.
Não, isso não é coisa de
economista. É algo que todos nós deveríamos aprender na escola - algo muito
mais prático e importante que a Fórmula de Bhaskara. Ao contrário de seus bens
passivos (que tiram dinheiro do seu bolso, mês a mês), juros compostos e ativos
financeiros fazem seu dinheiro trabalhar por você - mesmo quando você estiver
dormindo. Seu dinheiro precisa estar a serviço do tipo de vida que você quer
viver, e não o contrário: uma vida toda engessada por tudo o que você faz para
ganhar dinheiro.
9. Você troca tempo por dinheiro.
Tempo é seu ativo mais escasso.
Tem um limite de quanto você consegue trabalhar. Trabalhar demais deixa você exausto,
doente, ou pode até te matar. Fora que a vida fica uma merda. Então chega um
ponto em que, se você é assalariado ou autônomo, não tem mais como ampliar a
renda se continuar simplesmente trocando tempo por dinheiro. Precisa encontrar
um outro jeito para ter mais tempo e, mesmo assim, ampliar sua renda.
10. Você não dedica seu tempo,
seus recursos e seus talentos para administrar seu patrimônio e gerar múltiplas
fontes de renda.
Não tem milagre. Para fugir de
viver na penúria, você precisa entender como funciona o jogo do dinheiro e
aperfeiçoar sua forma de jogar. Entre uma viagem de cruzeiro (passivo) e
investir em um pequeno imóvel para você alugar e completar seu orçamento mensal
(ativo), por exemplo, o que lhe parece mais atraente?
11. Você acha a gerente do banco
simpática.
Não, não, não. Ela é
representante de uma instituição que vai te sugar até a medula se você deixar.
Os produtos financeiros dos bancos de varejo não são investimentos de verdade.
São para crentes e ignorantes. Poupança, CDBs, Letras, Títulos, Fundos,
Seguros, Planos de Previdência Privada e Capitalização que você contrata nas
agências de bancos como Itaú, Bradesco, Santander, Caixa e Banco do Brasil, por
exemplo, escondem 'pegadinhas' e taxas escandalosas, que tornam esses "investimentos"
um excelente negócio. Para o banco, é claro.
12. Você não investe em si
mesmo(a).
Livros, cursos, retiros,
processos de coaching, mentoria, consultoria e terapia são caros e tomam muito
tempo. É verdade. O problema é que a alternativa - a ignorância - é muito pior.
A ignorância te faz dependente do salário, do patrão, do gerente do banco, do
cliente, do professor, do político, do mercado, da crise, da TV Globo, do
governo. De todos os investimentos, o de maior retorno é investir em ampliar,
cada vez mais, sua competência para a ação consciente e consistente.
13. Você vive uma vida de manada.
Tem medo de fazer diferente de
todo mundo. Aceita dicas de investimento de vizinhos e familiares que nunca
tiveram um puto na vida. Fica babando na propaganda da televisão. Vai e volta
do trampo no mesmo horário que todo mundo, aí fica preso(a) no trânsito. Viaja
só nos finais de semana, férias e feriados, quando é tudo muito mais caro,
porque quem manda no seu calendário são seu emprego e a escola das crianças.
Não faz planejamento e compra tudo de última hora.
14. Você bota a culpa no Petê.
Ou no Temer. Ou no Trump. É
gostoso, porque aí você vira uma pobre vítima das circunstâncias e se exime de
qualquer responsabilidade. Pode passar a vida reclamando com os amigos na mesa
do bar, ao invés de encarar o cagaço e tolerar a frustração de pensar, estudar,
planejar e executar a partir do que está efetivamente a seu alcance.
15. Você acredita que quem é rico
deu sorte na vida, é fútil, materialista ou desonesto.
Você está programando seu mundo
interno, sua energia e linguagem não-verbal para repelir dinheiro. Afinal, se
você realmente acredita que ricos são pessoas más ou superficiais, cercadas de
bajuladores, não é isso que você quer para você, não é? Desprezar ou invejar os
ricos são formas de se manter prisioneiro(a) de uma paisagem de escassez.
16. Você acredita que dinheiro é
sujo.
Talvez você tenha levado um
grito, quando era criança, porque pegou em dinheiro e depois colocou a mão na
boca. De fato, cédulas e moedas carregam micro-organismos que podem te
contaminar. Mas moedas e notas não são dinheiro; são apenas duas de suas possíveis
formas materiais. Já pensou nisso? Hoje em dia, na verdade, pouquíssimas
transações são feitas com 'dinheiro vivo'. O dinheiro, em si, vai muito além
das notas e moedas e mesmo dos bitcoins ou algarismos nos computadores de
sistemas bancários. Dinheiro é uma energia de troca e materialização, que
organiza relações. Então, ainda que a falta ou o excesso de dinheiro possa
corromper, o dinheiro, em si, não é nem sujo nem limpo. A sujeira, neste caso,
está nos olhos de quem vê.
17. Você ainda não se deu conta
de que o mercado de trabalho vai mudar mais nos próximos 10 anos do que mudou
nos últimos séculos.
Em um cenário de inteligência
artificial, machine learning e automatização exponenciais, empregos deverão
desaparecer. A realidade emergente convida cada um de nós a se reinventar. E,
sobretudo, a desenvolver a capacidade de 'se virar' diante de circunstâncias
sempre cambiantes. Algo que, definitivamente, não se aprende na escola. Então,
uma boa forma de se condenar a viver sem grana é fechar os olhos e continuar
fazendo as coisas como você sempre fez.
André
Camargo
Sou
Mestre em Psicologia pela USP e autor dos livros "O Poodle de
Schopenhauer" e "Trabalho: Propósito, Impacto e Realização" (a
ser lançado em breve). Atuo como coach, escritor e empreendedor digital
Publicado
em 15 de setembro de 2017
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