Imagine um presidente de uma empresa convocar
entrevista à imprensa para dizer que decidiu abrir mão de um negócio inovador e
lucrativo que vinha sendo feito pelo fato de ele dar muito trabalho para a
companhia?
Pois foi exatamente isso que fez
o presidente do Santos na última sexta-feira ao anunciar o fim do acordo de
fornecimento de material esportivo com a Kappa e a assinatura do vínculo com a
Umbro a partir de 2018.
Em resumo, o Santos está abrindo
mão de faturar quase R$ 1,5 milhões por ano para ter "menos trabalho"
com a gestão do contrato de produção de material esportivo. Ou seja. Para não
ter de olhar a operação de confecção, distribuição e venda do material, o clube
optou por faturar menos.
A decisão é emblemática. Ela
ajuda a entender o grau de semiprofissionalização que domina o esporte
brasileiro. Sim, não dá para colocarmos tudo no mesmo balaio e culpar o
amadorismo latente. É um discurso raso e sem utilidade. Somos
semiprofissionais, como ainda são vários segmentos no país e como são várias
modalidades esportivas pelo mundo.
Há quase 30 anos, o Manchester
United foi o primeiro clube de futebol mundo a decidir criar uma equipe própria
de licenciamento de marca. Em vez de revender os direitos a uma empresa, que
por sua vez ia ao mercado, o United decidiu ter o trabalho de olhar centenas de
pequenos acordos.
Resultado? Pelos 20 anos
seguintes, o clube reinou soberano na lista dos mais ricos do mundo, tendo
tido, com a receita maior que os outros, a capacidade de montar grandes times e
se tornar a primeira potência global do futebol moderno. A liderança só se foi
quando Real Madrid e Barcelona despertaram para o trabalho, com marcas muito
mais tradicionais para o mercado e atletas de enorme apelo publicitário.
É preciso para o futebol no
Brasil entender que ganhar dinheiro dá trabalho. É bem mais fácil ficar sentado
à espera do cheque no final do mês. Mas o resultado será sempre menor que
aquele que advém do esforço.
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