Por Luciana
Lima
5 set 2017, 06h00 CONTEÚDO DE VOCE S/A
Segundo
café com VOCÊ RH na capital federal: mais de 70 executivos presentes (Brito
JR/VOCÊ RH)
Como preparar os líderes do futuro considerando os
desafios presentes? Com essa questão começou a discussão do Café com VOCÊ RH em
Brasília, realizado em 13 de junho.
O tema não poderia ser mais propício: menos de um
mês antes, a capital federal havia sido literalmente incendiada por
manifestantes após a delação do empresário Joesley Batista, dono da gigante de
carnes JBS, contra o presidente da República, Michel Temer, o principal mandatário do país.
A crise de representatividade havia atingido seu
ápice, não apenas no governo mas em todas as camadas da sociedade, inclusive
nas companhias. “Quem é a pessoa que te inspira hoje em dia?”, pergunta a
editora-chefe de VOCÊ RH, Tatiana Sendin. A resposta foi nula.
Com a figura do líder em xeque, mudaram as
características e o papel dos gestores, mas também o que cada um espera de quem
está no comando. “Nós estamos vivendo uma transição da ética do dever para a
ética do prazer. Antigamente, os líderes estavam inseridos na lógica do comando
e do controle. Hoje, esse profissional deve persuadir as pessoas a segui-lo.
Ele tem de ser um exemplo principalmente de ética”, disse Renata Subires Garcia
Fernandes, gestora de pessoas e desempenho do banco Bradesco.
O Café com RH, promovido por VOCÊ RH há mais de uma
década, estreou na cidade do Planalto Central em 2016 e retornou para mais uma
bem-sucedida mesa de conversa com 70 executivos, a maioria de gestão de
pessoas.
Além de Renata, participaram do debate Marco Tulio
Zanini, professor na Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas
(Ebape) da Fundação Getulio Vargas e consultor da
Symbállein; e Glória Guimarães, diretora-presidente do Serviço Federal de
Processamento de Dados (Serpro).
Com metade dos presentes de organizações do setor
público, a discussão enveredou para uma questão pungente: se os concursos
avaliam apenas características técnicas, como transformar esses especialistas
em bons gestores de pessoas? “Por muito tempo se falou na carreira em Y, porém,
isso não é tão simples. Acredito que, aliado com um plano de carreira bem
estruturado, é preciso um grande investimento em treinamento para formar esses
potenciais líderes e identificar quem tem mais habilidades para a área técnica
ou para a gestão”, afirmou Glória, do Serpro.
Uma das dificuldades é identificar quem realmente é
um bom gestor de pessoas e quem é muito bom de marketing pessoal. E, de acordo
com o professor Zanini, o Brasil está
passando por uma mudança que vai impossibilitar cada vez mais a permanência de
perfis que tenham apenas a segunda característica. “Nós aprendemos a apreciar
um aspecto de direção que muitas vezes não é aquele que descrevemos. Viemos de
uma lógica que não era permitido trabalhar a autonomia, mas isso vem mudando.
Vamos começar a questionar essa liderança que apenas joga as tarefas para a
plateia.”
Além dos desafios do agora, a discussão apontou
questões do futuro. Entre elas o fato de que cada vez menos jovens desejam
assumir a posição de chefia — algo que se intensifica nas instituições
públicas, uma vez que o alto nível de burocratização repele ainda mais os
chamados millenials.
Na tentativa de reverter esse quadro, o Serpro
reduziu o expediente para 6 horas e foi a primeira empresa do governo a
permitir o uso de bermudas. “Você observa que reter esses talentos é um
problema, principalmente porque você tem pouca flexibilidade tanto de remunerar
quanto de gerir de forma diferente. Nós estamos tentando adotar uma estratégia
que vai contra essa rigidez”, disse Glória.
Por fim, o professor Zanini deixou um alerta para
os executivos de RH. “Metade de minha turma quer ser
empreendedora. Significa que está nascendo uma escola de empreendedorismo no
Brasil. Por outro lado, o desafio será convencer as pessoas que as organizações
também são boas.” As formas de fazer isso rendem mais uma boa discussão.
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