Segundo
pesquisa, o principal motivo é que os chimpanzés têm uma proporção maior de um
tipo de fibra muscular
Os chimpanzés são os parentes
"mais próximos" do homem, mas é notório que eles são mais fortes do
que os seres humanos. Um novo estudo feito na Universidade do Arizona, nos
Estados Unidos, se dedica a investigar as razões para isso.
Segundo a pesquisa, o principal
motivo é que os chimpanzés têm uma proporção maior de um tipo de fibra muscular
que permite movimentos mais rápidos e poderosos.
Estudos anteriores sugeriam que a
razão para os chimpanzés serem mais fortes era mecânica. Mas a diferença de
força, esclarece a nova pesquisa, não é tão grande quanto se acredita
popularmente: em média, os chimpanzés são 1,5 vezes mais fortes do que os
humanos quando se dedicam a tarefas como empurrar ou saltar.
Matthew C. O'Neill e seus colegas da
universidade americana analisaram diversos estudos de desempenho muscular dos
chimpanzés.
"Era algo que precisávamos fazer
antes de entrar no tema principal da nossa pesquisa", afirmou à BBC.
O'Neil e sua equipe também mediram as
propriedades das fibras musculares dos chimpanzés que haviam sido congelados
depois de mortos.
"Queríamos entender as
propriedades básicas dos músculos esqueléticos do chimpanzé e descobrir se elas
eram diferentes dos músculos humanos."
Juntamente com o músculo cardíaco e o
músculo liso (que está em órgãos como bexiga e útero, além dos vasos
sanguíneos), o músculo esquelético é um dos três principais tipos de músculo, e
é em grande parte ligados aos ossos por feixes de colágeno conhecidos como
tendões.
"O que descobrimos é que não
havia uma diferença nas propriedades de contração fundamentais nas fibras
musculares do chimpanzé e do homem", disse O'Neil.
No entanto, eles encontraram
diferenças essenciais ao longo dessas fibras - as dos chimpanzés são maiores -
e na distribuição dos diferentes tipos de fibra musculares.
Rápido x Lento
Os chimpanzés têm o dobro de fibras
musculares de contração rápida. Como o próprio nome indica, esse tipo de fibra
se contrai rapidamente e é útil para os movimentos como, por exemplo, correr a
toda velocidade.
Mas essas fibras têm uma desvantagem:
elas "se cansam" muito rápido.
Por outro lado, os músculos nos
humanos estão dominados pelas fibras musculares de contração lenta, que se
contraem mais devagar, porém aguentam mais impacto.
Elas são úteis em atividades que
exigem resistência.
As simulações por computador mostram
que essas diferenças aumentam a força dinâmica máxima e a capacidade de
produção de energia do músculo esquelético do chimpanzé em um 1,35 em
comparação com um músculo humano de tamanho similar.
O número é bem parecido com os dados
encontrados pela equipe de O'Neil em pesquisas anteriores, mostrando que
chimpanzés são cerca de 1,5 vezes mais fortes.
Resistência
Na verdade, a predominância das
fibras de contração rápida parece ser a "norma" nos mamíferos, desde
ratos até cavalos.
O único animal que tem uma proporção
deste tipo de fibra semelhante à dos humanos desse tipo de fibra é o
loris-lento, um primata noturno nativo do Sul da Ásia.
Para os pesquisadores, isso é uma
evolução, provavelmente na linhagem que leva aos humanos depois que eles foram
separados da linhagem ancestral que deu origem aos chimpanzés.
As fibras musculares mais curtas e a
maior porcentagem de fibras de reação lenta nos humanos podem ter aumentado sua
capacidade de resistência.
Essas mudanças podem ter coincidido
com as mudanças na locomoção humana, na medida em que nossos ancestrais
aprenderam a caminhar eretos e se viram obrigados a percorrer maiores
distâncias para conseguir alimento.
Se isso estiver certo, ainda falta
esclarecer por que a predominância das fibras de contração lenta nos humanos se
estenda tanto ao tronco quanto à parte inferior do corpo.
Uma possibilidade é que a
distribuição dos diferentes tipos de fibras musculares no corpo também seja
determinada por fatores genéticos. Mas para responder essa pergunta, disse
O'Neill, ainda falta mais pesquisa.
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