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Mulher preocupada
diante de laptop (AntonioGuillem/Thinkstock)
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E-mails são rápidos e discretos. Mas usar essa ferramenta no trabalho pode ser mais perigoso do que você imagina
São
Paulo — Quando você tem algo delicado a dizer a um chefe, subordinado ou colega
de trabalho, prefere falar pessoalmente ou mandar o recado por e-mail?
Especialmente
quando você não quer que ninguém mais ouça o diálogo, a segunda
alternativa parece muito mais discreta e segura. Mas não é.
Além
de serem facilmente mal interpretadas, porque são desprovidas de expressões
faciais e tom de voz, as mensagens que você manda por correio eletrônico ficam
registradas para sempre.
“O
seu e-mail profissional pertence à empresa para a qual você trabalha, tanto
quanto a sua mesa ou a sua cadeira de trabalho”, diz a coach Denise Dudley
ao site da revista Money. “As mensagens existirão para
sempre, por isso é bom evitar dizer algo que pode ‘assombrar’ sua vida no
futuro”.
Veja
a seguir 4 tipos de conversas que é melhor ter face a face, e não por meio
da tecnologia:
1.
Fofoca
Espalhar boatos ou falar sobre a vida pessoal das pessoas do escritório é
um comportamento com péssimas consequências para a
sua carreira, mas é especialmente perigoso se for registrado por escrito.
Caso
você não saiba, as empresas podem monitorar as mensagens trocadas por seus
funcionários, desde que se trate do e-mail corporativo, e não do particular.
O
risco é maior ainda se você acidentalmente incluir múltiplos destinatáriosquando a
conversa é particular, ou apertar o botão “Responder para todos” sem querer.
Dudley
conheceu uma pessoa que mandou a frase “Adivinha quem está grávida?” para um grupo
de colegas. “A ‘grávida’ não estava grávida, só tinha ganhado um pouco de peso,
e acabou interceptando o e-mail”, diz a coach à Money. “A relação
dela com o autor da mensagem nunca mais se recuperou”.
2.
Críticas — ou elogios
Aqui,
o maior problema está na facilidade com que a comunicação escrita é distorcida,
pela falta de outros elementos de comunicação como tom de voz e expressão
facial.
Na
opinião de Kathleen Murphy, fundadora da consultoria Market Me Too, o
e-mail é um recurso muito pobre para criticar ou até elogiar o trabalho de um
colega.
Por
escrito, uma frase como “o novo estagiário é bastante pontual, hein?”, pode
parecer sincera ou irônica, a depender do leitor. Mesmo palavras elogiosas como
“parabéns” correm o risco de soar pouco verdadeiras ou não suficientemente
enfáticas por e-mail.
“Se
até comentários positivos podem ser mal-interpretados, que dirá os
negativos”, diz Murphy. Como o desempenho alheio é um
assunto sensível, para o bem ou para o mal, é sempre melhor comunicar as suas
impressões face a face.
3.
Brigas
O
e-mail também é uma péssima ferramenta para chamar a atenção de um subordinado.
“Muita gente acha que o feedback ficará ‘suavizado’ por escrito, mas o
resultado pode ser muito pior do que você imagina”, alerta o consultor Chris
Hallberg em entrevista à Money.
Segundo
ele, é melhor convidar o funcionário para uma conversa — privada, de preferência — para tratar do assunto.
O
mesmo vale para qualquer outro tipo de desentendimento ou briga no trabalho, por
dois motivos. O primeiro é a possibilidade de a mensagem ser encaminhada fora
de contexto para pessoas alheias ao assunto, o que pode agravar o conflito.
A
segunda razão é, novamente, a pobreza expressiva do e-mail. Por escrito, as
suas frases podem soar mais agressivas do que você pretendia, e aumentar o
mal-estar entre as partes. Diálogos presenciais são sempre a alternativa mais
sábia, em qualquer caso.
4.
Negociações
Precisa
falar com alguém sobre salário, mudança de horário ou promoção de cargo? Esqueça
o computador e o celular: conversas que envolvam o RH da empresa devem ser
feitas pessoalmente, ou no máximo em uma chamada por vídeo.
Isso
porque, no diálogo por escrito, perde-se um dos recursos mais poderosos
da negociação: a criação do vínculo. Só pessoalmente é
possível escutar profundamente o outro, ao ponto de entender seus valores,
motivações e necessidades, e adaptar os seus argumentos a eles. Essa leitura, tão fina e
complexa, não pode ser feita nos limites de uma mensagem eletrônica.
Em
entrevista à Money, Dennis Collins, diretor da West
Corporation, diz que o e-mail pode ser usado, no máximo, para agendar as
reuniões necessárias para falar sobre o assunto. “Aplicativos, chat e e-mails
podem ser ótimos para avisar a pessoa que você quer conversar, mas não para
conduzir a conversa em si”, explica ele.
Escrito por Claudia
Gasparini – em 19 nov 2017, 06h00
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