28 de setembro de 2017

Pós-graduação ou MBA? Conheça as diferenças entre os cursos



Sala de aula da Universidade Veiga de Almeida Foto: Divulgação Extra
 
Faz tempo que a graduação deixou de ser o ponto final da vida acadêmica. Afinal, ter um curso superior não é mais um diferencial, mas quase pré-requisito para um profissional de sucesso. Mas, na hora de se especializar, surge a dúvida: que tipo de curso fazer? Qual é a diferença entre pós-graduação, especialização e MBA? Aliás, tem diferença mesmo?

— Todo MBA é uma pós, mas nem toda pós é um MBA —, explica Beatriz Balena, Pró-Reitora de Pós Graduação, Pesquisa e Extensão da Universidade Veiga de Almeida (UVA).

De acordo com Beatriz, cursos de pós-graduação são todos aqueles que vêm depois da graduação. Entre eles, há dois tipos: os stricto sensu, que são o mestrado, o doutorado e o pós-doutorado; e os lato sensu, que são a especialização (que muita gente chama de pós) e o MBA. Esses últimos têm o mesmo peso acadêmico, mas perfis diferentes.

— MBA tem um foco em gestão, negócios, empresa. É procurado por quem quer se preparar para ser líder ou gestor. Já a especialização é um aprofundamento em uma área. Por exemplo, a nutrologia, que é um curso que temos na UVA, é procurada por quem deseja se especializar em determinados aspectos da nutrição. Quem deseja se preparar ser líder na área de saúde pode optar pelo MBA em Gestão Hospitalar, que vai formar um gestor — exemplifica Beatriz.

Ainda de acordo com a pró-reitora da UVA, outra diferença entre os cursos de especialização e MBA é a duração. Enquanto a carga horária do primeiro é de cerca de 360 horas, a do segundo pode passar de 400.

Entenda os cursos:

MBA - Master Business Administration: em tradução literal do inglês, Mestre em Negócios e Administração. Mas, no Brasil, esse curso é lato sensu, ou seja, não tem nível de mestrado. Trata-se de uma especialização focada em negócios e mercado. É indicado para líderes ou gestores em formação ou com carreira consolidada.

Pós-graduação lato sensu ou especialização: É um aprofundamento numa área específica. O curso é indicado para profissionais que procuram um diferencial e desejam focar sua atuação no mercado.

Pós-graduação stricto sensu: é direcionada para o aspecto acadêmico das áreas profissionais, e consiste nos mestrados, doutorados e pós-doutorados.
 

Em tempos de crise, cresce busca por analistas de compras


 
Para uma empresa, tão importante quanto saber vender é saber comprar. Principalmente em momentos de crise, quando a negociação eficiente da aquisição de insumos pode reduzir gastos e economizar custos de logística. Por isso, o analista de compras é apontado como um dos cinco profissionais mais procurados no mercado brasileiro este ano, de acordo com estudo divulgado pelas consultorias ManpowerGroup, Michael Page, Page Personnel e Robert Half.

A rotina desse profissional é composta por quatro etapas: analisar, planejar, cotar e comprar. Organização também é uma competência fundamental, já que é necessário lidar com diversas áreas da empresa e, no caso de grandes empresas, gerir grandes volumes de compras.

— O planejamento é fundamental para que não se compre no momento errado e na quantidade errada. Qualquer falha pode provocar a falta do produto na prateleira ou a sobra no estoque — explica Eduardo Ribeiro, de 34 anos, que há 12 anos compõe a equipe de compras nas Casas Pedro.

Na tradicional rede, especializada em frutas secas, grãos, especiarias e bacalhau, quatro pessoas são responsáveis pela aquisição de mais de dois mil itens diferentes que abastecerão as 20 unidades espalhadas pela cidade, além da televendas.

O planejamento a longo prazo também é fundamental, como explica o economista Tirlê Cruz, professor de Administração, Logística e Comércio Exterior na Universidade Veiga de Almeida (UVA).

— Dependendo do ramo de atuação, é possível fazer o planejamento de compras para o ano todo, o que dá um maior poder de barganha na hora da compra. Mas é preciso prestar atenção a situações de crise, como a que vivemos hoje, quando o consumo cai — explica o especialista.

Competências do analista de compras:

Organização — Para atuar em diferentes frentes, é preciso manter a documentação em ordem e criar uma rotina de trabalho.

Relacionamento — Saber trabalhar em equipe é fundamental, já que existe uma interface permanente com outras áreas da empresa.

Atualização — Manter-se informado sobre o mercado, participando de feiras, congressos e eventos.

Estratégia — Conhecer a estratégia da empresa de forma a alinhar suas negociações para o atingimento das metas.

Saber negociar — Antes de fechar o negócio, é preciso se munir de todas as informações possíveis sobre a matéria-prima e o fornecedor.

Indicadores — Para prestar conta de seu trabalho, é importante criar indicadores e acompanhá-los.
Tirlê Cruz é professor na Universidade Veiga de Almeida (UVA) Foto: Divulgação
Leia a seguir um depoimento do professor Tirlê Cruz sobre as perspectivas da analista de compras no mercado atual.

“A carreira de analista de compras é crescente no mercado brasileiro. Embora esse profissional ainda não seja tão bem remunerado por aqui, já que o salário varia na faixa de três a sete mil reais, a tendência é ser cada vez mais valorizado. Na crise, aumenta a necessidade de cortar gastos e evitar desperdícios. Se uma empresa compra mal, a distribuição fica problemática e, no fim, toda a cadeia de suprimentos é prejudicada. O estoque é o coração da empresa, e o analista de compras é o elo entre esse setor com o resto do organismo da empresa”.
 
02/08/17 09:50 Atualizado em 02/08/17 09:57

27 de setembro de 2017

Inglês ou pós-graduação: o que fazer primeiro?



Eu sempre recebo muitas dúvidas sobre este assunto. São pessoas que, por motivos variados, não podem, ao mesmo tempo, estudar inglês e fazer uma pós-graduação. Elas sempre me perguntam o que devem priorizar, caso queiram ser contratadas por grandes Organizações.

Meu conselho inicial é que você tente organizar as duas atividades na sua agenda. Há muitos cursos de inglês online atualmente que oferecem bom suporte para o aluno. Em geral, esses cursos permitem até que você tenha aulas de conversação com professores estrangeiros para aumentar sua fluência no idioma.
 A vantagem de estudar a distância é a possibilidade de gerenciamento do seu tempo: você não precisa estar em uma aula com dia e hora marcados, podendo estudar no horário em que lhe for conveniente.
Por outro lado, é preciso ser disciplinado, para evitar que essa flexibilidade oferecida se transforme em um problema. Há pessoas que não conseguem se organizar para fazer um curso a distância: estão sempre priorizando outras atividades e deixando o curso de lado.
Há outras que não conseguem ter foco. Ao acessar o curso online, perdem-se em outras atividades que precisam realizar usando a internet. Por isso, avalie seu perfil, verificando se conseguirá aproveitar as potencialidades do curso de idioma online ou se, para você, estudar presencialmente é a melhor opção.
Algo que precisa ser desmitificado é o fato de que, para conseguir fluência em uma língua estrangeira, você precisa sair do seu país e estudar fora. Isso não é necessário. É perfeitamente possível ser fluente em outro idioma estudando aqui no Brasil. Logicamente, isso vai requerer a sua dedicação aos estudos.

Como eu havia mencionado, a minha sugestão é que você consiga agregar o estudo do inglês ao MBA ou especialização. Algumas instituições permitem que você inicie a sua pós cursando a quantidade de matérias que desejar. Ou seja, se por razões econômicas ou mesmo de agenda, você só quiser cursar uma disciplina por semestre, isso é possível.
Talvez esse seja um caminho que permita a você não precisar abrir mão nem de um objetivo, nem de outro. Você pode demorar um pouco mais para terminar a pós e fazê-la dentro do seu ritmo e possibilidades.
 Mas se não tem jeito, se você não tem condições de fazer os dois simultaneamente, sugiro que opte pelo inglês. Se a sua intenção é ocupar uma posição em uma multinacional, não é possível adiar o aprendizado dessa língua estrangeira.
 Como vocês sabem, eu sou uma profissional bastante experiente na área de seleção de pessoas. Sendo assim, já participei do processo de seleção de muitos profissionais. A nossa conduta, ao contatar por telefone um candidato para checar se ele atendia aos requisitos de uma determinada vaga, era questionar sobre o nível de inglês. 
Caso o candidato informasse possuir inglês avançado, no próprio contato telefônico, era feito um teste, uma pequena conversação nesse idioma, como forma de checar se ele atendia a esse requisito.
Uma outra dica: nunca minta para o profissional que está conduzindo o processo seletivo. Em uma circunstância como essa, você ficaria extremamente envergonhado ao ser submetido a uma avaliação oral em que não conseguisse compreender o que lhe está sendo perguntado ou não conseguisse responder aos questionamentos feitos.
Nos processos seletivos que conduzíamos, era bastante comum os candidatos serem descartados por não possuírem fluência em inglês. Por outro lado, eu nunca vi alguém ser eliminado do processo seletivo por não ter pós-graduação.
Por isso eu te aconselho: busque tornar seu inglês no mínimo avançado. As empresas que oferecem melhores posições e, como consequência, melhores salários, vão requerer fluência em inglês. Por isso, se você almeja uma vaga nessas Organizações, busque aprimorar seu conhecimento dessa língua estrangeira.
Continue estudando sempre, arrume amigos em outros continentes para não perder a fluência e se ainda não fez uma pós-graduação a hora de fazer é quando o seu inglês já estiver avançado.
Publicado em Publicado em25 de julho de 2017
Tais Targa
Psicóloga, Mestre em Educação e Coach de Empregabilidade – Job Hunter. Mentora de Coaches e especialista em Otimização de LinkedIn. Seu histórico profissional engloba empresas tais como: KPMG, FIEP e Universidade Positivo. Atualmente é responsável pela TTarga Carreira e Recolocação, atuando desde 2010 nos serviços de Recolocação Profissional, Transição de Carreira e Coaching. Empreendedora digital, empresária, aficionada por redes sociais, palestrante, autora, mãe e autodidata.
 

26 de setembro de 2017

17 Sinais de que Você Nunca vai ter Dinheiro na sua Vida


imagem: Ryan McGuire
Sabe aquela sensação maravilhosa de estar com as contas em dia, saber que sua grana está bem investida e ainda ter o suficiente na mão para uma bela viagem de férias (ou para aquele projeto que não sai da sua cabeça)?
Existem várias maneiras de garantir que isso nunca aconteça. Eis algumas das principais estratégias para passar a vida inteira contando migalhas.
1. Sua única fonte de renda é seu salário ou o que você ganha como profissional autônomo.
Esse é um dos principais. Você trabalha, recebe uma grana e usa essa grana para viver. Todo mês. O problema é que virou normal viver assim, no automático, mês a mês. Aí você se convence de que, se todo mundo faz isso, então tá tudo certo.
2. Você acha que empreender ou investir dinheiro são algo arriscado.
Dizem que empreender é arriscado, mas não há risco maior que depositar o controle da vida financeira da sua família nas mãos do seu chefe ou diretor, das políticas trabalhistas imprevisíveis da empresa ou de uma carteira flutuante de clientes. O mais arriscado é seguir dependendo de emprego em um mundo que está mudando completamente. No fundo, o que é arriscado não é empreender ou investir, mas fazer um ou outro sem conhecimento e planejamento suficientes.
3. Você caiu no conto da felicidade pelo consumo.
Criou o hábito de trocar dinheiro por bem-estar? Ora, de que adianta ter grana se não for para comer em restaurantes bacanas, torrar em baladas iradas (agregando valor ao camarote), trocar de carro, comprar uma casa maior, viajar para o exterior ou adquirir o último modelo de iPhone, não é? Precisar ostentar símbolos de riqueza material ou comprar coisas para aplacar a angústia existencial, a insegurança ou a ansiedade são caminhos seguros... para a ruína financeira.
4. Você está atolado(a) em dívidas.
Bom, esse eu nem preciso comentar. Juros de cheque especial e de cartão de crédito são a porta do inferno. É por isso que os principais bancos quebram recordes de lucratividade ano a ano. E você não.
5. Você gasta tudo o que ganha.
Aí um dia você recebe uma promoção. Ou conquista mais alguns clientes. Naturalmente, seu padrão de vida também sobe. Não vai mais almoçar no Burger King; agora é Outback. Nada de Praia Grande: agora é Maresias! Ou Leblon. Ou Ibiza. Afinal, a vida é curta. (E o dinheiro, pelo jeito, também será).
6. Você confunde ricos de verdade com novos ricos.
Novos ricos são ex-classe média com dinheiro. Deslumbrados, têm o hábito de postar regularmente nas redes sociais fotos de pratos de comida, do carro novo ou de destinos de turismo de gosto duvidoso. Ricos de verdade são discretos, preferem a sobriedade à ostentação. Conhecem o jogo do dinheiro, suas armadilhas e ilusões. (Sim, em ambos os casos, há exceções).
7. Você se enche de bens que obrigam você a trabalhar cada vez mais - para sustentá-los.
No Oriente, dizem que não é você que possui seus bens; são eles que possuem você. Daí os movimentos de minimalistas e as diferentes tendências de simplificar e desacelerar a vida. Se você tem menos bens, sobra mais espaço e energia para você dedicar ao que realmente importa.
8. Você não tem familiaridade com a dinâmica dos juros compostos e dos ativos financeiros.
Não, isso não é coisa de economista. É algo que todos nós deveríamos aprender na escola - algo muito mais prático e importante que a Fórmula de Bhaskara. Ao contrário de seus bens passivos (que tiram dinheiro do seu bolso, mês a mês), juros compostos e ativos financeiros fazem seu dinheiro trabalhar por você - mesmo quando você estiver dormindo. Seu dinheiro precisa estar a serviço do tipo de vida que você quer viver, e não o contrário: uma vida toda engessada por tudo o que você faz para ganhar dinheiro.
9. Você troca tempo por dinheiro.
Tempo é seu ativo mais escasso. Tem um limite de quanto você consegue trabalhar. Trabalhar demais deixa você exausto, doente, ou pode até te matar. Fora que a vida fica uma merda. Então chega um ponto em que, se você é assalariado ou autônomo, não tem mais como ampliar a renda se continuar simplesmente trocando tempo por dinheiro. Precisa encontrar um outro jeito para ter mais tempo e, mesmo assim, ampliar sua renda.
10. Você não dedica seu tempo, seus recursos e seus talentos para administrar seu patrimônio e gerar múltiplas fontes de renda.
Não tem milagre. Para fugir de viver na penúria, você precisa entender como funciona o jogo do dinheiro e aperfeiçoar sua forma de jogar. Entre uma viagem de cruzeiro (passivo) e investir em um pequeno imóvel para você alugar e completar seu orçamento mensal (ativo), por exemplo, o que lhe parece mais atraente?
11. Você acha a gerente do banco simpática.
Não, não, não. Ela é representante de uma instituição que vai te sugar até a medula se você deixar. Os produtos financeiros dos bancos de varejo não são investimentos de verdade. São para crentes e ignorantes. Poupança, CDBs, Letras, Títulos, Fundos, Seguros, Planos de Previdência Privada e Capitalização que você contrata nas agências de bancos como Itaú, Bradesco, Santander, Caixa e Banco do Brasil, por exemplo, escondem 'pegadinhas' e taxas escandalosas, que tornam esses "investimentos" um excelente negócio. Para o banco, é claro.
12. Você não investe em si mesmo(a).
Livros, cursos, retiros, processos de coaching, mentoria, consultoria e terapia são caros e tomam muito tempo. É verdade. O problema é que a alternativa - a ignorância - é muito pior. A ignorância te faz dependente do salário, do patrão, do gerente do banco, do cliente, do professor, do político, do mercado, da crise, da TV Globo, do governo. De todos os investimentos, o de maior retorno é investir em ampliar, cada vez mais, sua competência para a ação consciente e consistente.
13. Você vive uma vida de manada.
Tem medo de fazer diferente de todo mundo. Aceita dicas de investimento de vizinhos e familiares que nunca tiveram um puto na vida. Fica babando na propaganda da televisão. Vai e volta do trampo no mesmo horário que todo mundo, aí fica preso(a) no trânsito. Viaja só nos finais de semana, férias e feriados, quando é tudo muito mais caro, porque quem manda no seu calendário são seu emprego e a escola das crianças. Não faz planejamento e compra tudo de última hora.
14. Você bota a culpa no Petê.
Ou no Temer. Ou no Trump. É gostoso, porque aí você vira uma pobre vítima das circunstâncias e se exime de qualquer responsabilidade. Pode passar a vida reclamando com os amigos na mesa do bar, ao invés de encarar o cagaço e tolerar a frustração de pensar, estudar, planejar e executar a partir do que está efetivamente a seu alcance.
15. Você acredita que quem é rico deu sorte na vida, é fútil, materialista ou desonesto.
Você está programando seu mundo interno, sua energia e linguagem não-verbal para repelir dinheiro. Afinal, se você realmente acredita que ricos são pessoas más ou superficiais, cercadas de bajuladores, não é isso que você quer para você, não é? Desprezar ou invejar os ricos são formas de se manter prisioneiro(a) de uma paisagem de escassez.
16. Você acredita que dinheiro é sujo.
Talvez você tenha levado um grito, quando era criança, porque pegou em dinheiro e depois colocou a mão na boca. De fato, cédulas e moedas carregam micro-organismos que podem te contaminar. Mas moedas e notas não são dinheiro; são apenas duas de suas possíveis formas materiais. Já pensou nisso? Hoje em dia, na verdade, pouquíssimas transações são feitas com 'dinheiro vivo'. O dinheiro, em si, vai muito além das notas e moedas e mesmo dos bitcoins ou algarismos nos computadores de sistemas bancários. Dinheiro é uma energia de troca e materialização, que organiza relações. Então, ainda que a falta ou o excesso de dinheiro possa corromper, o dinheiro, em si, não é nem sujo nem limpo. A sujeira, neste caso, está nos olhos de quem vê.
17. Você ainda não se deu conta de que o mercado de trabalho vai mudar mais nos próximos 10 anos do que mudou nos últimos séculos.
Em um cenário de inteligência artificial, machine learning e automatização exponenciais, empregos deverão desaparecer. A realidade emergente convida cada um de nós a se reinventar. E, sobretudo, a desenvolver a capacidade de 'se virar' diante de circunstâncias sempre cambiantes. Algo que, definitivamente, não se aprende na escola. Então, uma boa forma de se condenar a viver sem grana é fechar os olhos e continuar fazendo as coisas como você sempre fez.
 
 
André Camargo
Sou Mestre em Psicologia pela USP e autor dos livros "O Poodle de Schopenhauer" e "Trabalho: Propósito, Impacto e Realização" (a ser lançado em breve). Atuo como coach, escritor e empreendedor digital
 
Publicado em 15 de setembro de 2017
 

20 de setembro de 2017

5S na Vida Pessoal

 
Apesar da implantação do 5S ser de iniciativa das empresas, cada vez mais há uma tendência das pessoas levarem os conceitos para as suas casas contribuindo para os benefícios semelhantes aos que ocorrem nos ambientes de trabalho, bem como na educação comportamental de filhos e cônjuges.



Seguem algumas dicas para que o 5S seja estendido para a nossa casa.

No SEIRI, Senso de Utilização, definir um dia para que cada pessoa da família, individualmente ou em grupo, escolha um ambiente ou local para fazer uma análise de todos os recursos mantidos ali. Cozinha, garagem, despensa, armários e aquele “quartinho da bagunça” normalmente contêm materiais sem utilidade e com defeitos.



Há que ser quebrado o sentimento de apego para aquilo que não tem nenhum valor sentimental. Isto não é fácil, mas os apelos para se desfazer destes recursos são dois. Primeiro, que o espaço atual não comporta tantos recursos; Segundo, que estes recursos poderiam ser úteis para outras pessoas, inclusive carentes.

Uma surpresa positiva desta prática é encontrar coisas que há tempo não eram encontradas.

No SEITON, Senso de Ordenação, o espaço liberado com a prática do SEIRI, possibilita uma melhor organização daquilo que é útil. Identificar caixas, embalagens, envelopes de documentos, álbuns de fotografias, fitas VHS e DVDs para facilitar o acesso e a manutenção da ordem no dia-a-dia.

O SEISO, Senso de Limpeza, no primeiro momento é exercitado durante o SEIRI. Ao fazer a verificação dos ambientes citados no inicio, é normal se fazer uma limpeza geral nos locais que não são limpos no dia-a-dia. Frequentemente são encontrados não somente poeira acumulada, mas a presença de insetos, mofos, cupim, ferrugem, vazamento de água e outras irregularidades.


Após esta atividade inicial, podem ser estabelecidas frequências de limpeza para estes ambientes e compartimentos. Não confundir esta frequência coma limpeza ou faxina feita independente do 5S.

No SEIKETSU, Senso de Higiene e Saúde, podem ser discutidos alguns aspectos de higiene tais como: asseio pessoal, uso do banheiro, higiene bucal, higiene da cozinha, destinação do lixo, etc. Vários aspectos relacionados à saúde podem ser discutidos: hábitos alimentares, sedentarismo, tabagismo, alcoolismo, obesidade mórbida, postura ao sentar e deitar, etc.


É importante se informar sobre cada assunto com especialistas e/ou consultas à literaturas específicas.

No SHITSUKE, Senso de Autodisciplina, são discutidos os comportamentos inadequados de um que prejudica o outro. Apesar de parecer gerar um atrito, já que ninguém gosta de ser criticado ou está disposto a abrir mãos de suas comodidades, esta discussão deixa claro para todos o que cada um sente e é incomodado. Com o tempo, a tendência é aumentar o nível de respeito às individualidades sem perder o espírito de equipe.

A redução do desperdício de alimentos, água e energia, a redução das despesas com compras daquilo que realmente é necessário, um casa mais limpa e organizada, uma família com bons hábitos de higiene e saúde e um lar com um ambiente mais harmonioso, são os resultados naturais da prática constante do 5S em casa.


Além disto, o 5S forma um espírito de cidadania que promove uma sociedade com melhores valores e possibilita profissionais adentrando ao mercado de trabalho com os hábitos que as empresas investem e buscam com a implantação do Programa. Este ciclo positivo seguramente gera, à médio e longo prazos, um mundo melhor.

Haroldo Ribeiro é consultor especializado no Japão e autor de vários livros, inclusive "A Bíblia do 5S”
www.pdca.com.br - E-mail
: pdca@terra.com.br


AUTOR: Haroldo Ribeiro

19 de setembro de 2017

O Segredo - DANI ALVES





Eu vou começar contando um segredo. Na verdade, você pode tomar conhecimento de alguns segredos nesta história, porque sinto que sou incompreendido por muita gente. Mas vamos começar com esse primeiro segredo.
 
Três meses atrás, quando o Barcelona fez sua incrível remontada contra o Paris St-Germain pela Champions League, eu estava assistindo a cada lance sentado no meu sofá. Você podia pensar a partir da leitura dos jornais que eu esperava que meu antigo clube perdesse.
Mas e quando meu irmão Neymar marcou aquele lindo gol de falta? Eu pulei do sofá e estava gritando para televisão.
Vamooooooos!”
Quando o Sergi Roberto operou aquele milagre aos 50 minutos do segundo tempo?
Como todos os demais torcedores do Barça ao redor do mundo, eu estava ficando completamente maluco. Porque a verdade é que o Barcelona ainda está no meu sangue.
Fui desrespeitado pela cúpula dos dirigentes quando eu saí do clube no verão passado? Certamente que sim. É simplesmente a maneira como eu me sinto a respeito, e você jamais pode dizer algo diferente a esse respeito para mim.
Mas não é possível jogar por um clube ao longo de oito anos, e alcançar tudo o que nós alcançamos, e não ter esse mesmo clube no coração para sempre. Dirigentes, jogadores e membros do conselho vêm e vão. Mas o Barça nunca vai desaparecer.
Quando eu fui para a Juventus, eu fiz uma promessa final para a cúpula do Barcelona. Eu disse, “Vocês vão sentir saudades de mim”.
Eu não quis dizer como jogador. O Barça tem muitos jogadores incríveis. O que eu quis dizer foi que eles iriam sentir saudade do meu espírito. Eles iriam sentir saudade de alguém que prezava tanto pelo ambiente e pelo clube.
Eles iriam sentir saudade do sangue que eu derramei todas as vezes que eu coloquei a camisa do Barcelona.
Quando eu tive de jogar contra o Barcelona na rodada seguinte, pelas quartas-de-final da Champions League, havia um sentimento bastante estranho no ar. Especialmente no segundo jogo, no Camp Nou, a sensação era a de que eu estava em casa de novo.
Pouco antes do jogo começar, eu fui até o banco de reservas do Barcelona e cumprimentei meus colegas, e eles diziam: “Dani, venha e sente aqui conosco. Nós guardamos o seu lugar, irmão”.

Photo By Joan Valls/NurPhoto/ZUMA Press

Eu estava dando a mão para todos de costas para o árbitro. De repente, eu ouvi um apito. Eu me virei e o árbitro já iniciara a partida. Saí correndo para o campo, e eu pude ouvir meu antigo treinador, Luís Henrique, se matando de rir.
É engraçado, não? Mas aquele jogo não era uma piada, especialmente para mim. As pessoas me veem e dizem: “O Dani está sempre brincando. Ele está sempre sorrindo. Ele não é sério.”
Preste atenção, vou te contar outro segredo. Antes de eu enfrentar os melhores atacantes do mundo – Messi, Neymar, Cristiano Ronaldo – eu estudo as suas forças e as suas fraquezas como uma obsessão, e então eu planejo como vou atacar. Meu objetivo é mostrar ao mundo que Dani Alves está no mesmo nível. Talvez eles me driblem uma ou duas vezes. Certo, tudo bem.
 Mas eu irei para cima deles, também. Eu não quero ser invisível. Eu quero o palco. Mesmo aos 34 anos, depois de 34 troféus, eu sinto que tenho de provar isso todas as vezes.
Mas ainda é mais profundo do que isso.
Pouco antes de cada partida, eu sigo a mesma rotina. Eu fico de frente ao espelho por cinco minutos e bloqueio todo o resto. Então um filme começa a rodar na minha cabeça. É o filme da minha vida.




Na primeira cena, eu tenho 10 anos de idade. Eu estou dormindo numa cama de concreto na pequenina casa da minha família em Juazeiro (BA), Brasil. O colchão é tão fininho quanto o seu dedo mindinho. A casa cheira a terra molhada, e ainda está escuro lá fora. São 5 da manhã, e o sol ainda não nasceu, mas eu tenho de ajudar a meu pai na nossa fazenda antes de ir à escola.
Meu irmão e eu vamos para o campo, e nosso pai já está lá, trabalhando. Ele está carregando um tanque grande e pesado nas costas, ele está pulverizando as plantas e as frutas para matar as pragas de uma colheita.
Meu irmão e eu provavelmente somos muito novos para manipular, mas ainda assim nós ajudamos. Esta é a nossa forma de comer… de sobreviver. Por horas, eu fico competindo com meu irmão para ver quem é o trabalhador mais dedicado. Porque aquele que mais ajudar a nosso pai vai ter mais direito ao uso da nossa única bicicleta.
Se eu não ganhar a bicicleta, eu terei de caminhar 20 quilômetros da nossa fazenda até a escola. A volta da escola é ainda pior, porque eu tinha de voltar correndo para conseguir chegar a tempo de jogar a pelada.
Mas e se eu ganhar a bicicleta? Então eu posso ficar com as meninas. Eu posso escolher uma delas no caminho e oferecer uma carona até a escola. Por 20 quilômetros, eu sou o cara.
Então eu trabalho duro para caramba.
Eu olho para o meu pai enquanto eu saio para a escola, e ele ainda está com o mesmo tanque grande e pesado nas costas. Ele tem ainda um dia inteiro pela frente, e então à noite ainda há o pequeno bar que ele administra para ganhar um dinheiro extra.
Meu pai foi um jogador incrível quando ele era mais jovem, mas ele não teve dinheiro para ir até a cidade grande e ser notado pelos olheiros. Então ele faz questão de que eu tenha essa oportunidade, mesmo que isso custe a vida dele.
A tela escurece.
Agora, é domingo, e nós estamos assistindo aos jogos de futebol na TV preto-e-branca. Há um bombril amarrado na antena para que nós possamos pegar o sinal da cidade, que está muito distante. Para nós, esse é o melhor dia da semana. Há muita alegria em nossa casa.
A tela escurece.
Agora meu pai está me levando para a cidade com seu carro velho para que alguns olheiros possam me ver jogar. O carro tem transmissão manual, só com duas marchas – devagar e muito devagar. Eu posso sentir o cheiro da fumaça.
Meu pai é um lutador. Eu tenho de ser um lutador, também.
A tela escurece.
Agora, eu tenho 13 anos, e eu estou numa academia de futebol para jovens jogadores numa cidade maior, longe da minha família. Há 100 garotos reunidos num dormitório pequeno. É como se fosse uma prisão. No dia antes de eu sair de casa, meu pai me comprou um conjunto novo para jogar. Com isso, ele dobrou meu guarda roupa. Até então, eu só tinha um conjunto.
Depois do primeiro dia de treinamento, eu pendurei meu conjunto novo no varal. Na manhã seguinte, tinha sumido. Alguém levou. É quando eu percebo que esta já não é mais a fazenda. Este é o mundo real, e a razão para chama-lo de mundo real é porque a coisa é pra valer aqui fora.
Voltei para o quarto, e eu estava morrendo de fome. Nós treinávamos o dia inteiro, e não havia comida no suficiente no campo. Alguém tinha roubado as minhas roupas. Eu sinto saudades da minha família, e definitivamente eu não sou o melhor jogador por aqui. De 100, talvez eu seja o número 51 em termos de habilidade. Então eu faço para mim mesmo uma promessa.
Eu digo a mim mesmo: “Você não vai voltar para a fazenda até você deixar seu pai orgulhoso. Você pode ser o número 51 em habilidade. Mas você será o número 1 ou 2 em força de vontade. Você será um lutador. Você não vai voltar para casa, não importa o que aconteça”.
A tela escurece.
Agora, eu tenho 18 anos de idade, e eu estou contando uma das únicas mentiras que eu já disse no futebol.
Estou jogando pelo Bahia no Campeonato Brasileiro quando um importante olheiro vem até mim e diz: “O Sevilla está interessado em te contratar”.
Eu digo: “Sevilha, maravilhoso”
O olheiro diz: Você sabe onde fica?”
Eu digo: “Claro que eu sei onde Sevilha fica. Sev-iiiiiilha. Eu amo.”
Só que eu não faço a menor ideia onde fica Sevilha. Pelo que eu sabia podia ser na Lua. Mas do jeito que ele diz o nome parece importante, então eu minto.
Alguns dias depois, eu começo a perguntar por aí, e eu descubro que o Sevilha joga contra o Barcelona e o Real Madrid.
Eu digo para mim mesmo: “Agora”
Só se for agora! Vamos!
A tela escurece.
Agora em Sevilha, e estou tão mal nutrido que os técnicos e os outros jogadores olham para mim como se eu tivesse de jogar pela equipe mais jovem. Eu estou no meio dos seis meses mais difíceis da minha vida. Eu não falo o idioma. O treinador não está me colocando para jogar, e pela primeira vez eu penso em voltar para casa.
Mas então, por alguma razão, eu penso no conjunto que meu pai tinha comprado quando eu tinha 13 anos de idade. Aquele que levaram. E eu penso no meu pai novamente com o tanque grudado nas costas, espalhando veneno. E eu decido que vou ficar e aprender o idioma e tentar fazer alguns amigos, assim ao menos eu posso voltar ao Brasil com uma experiência nova para compartilhar.
Quando começa a nova temporada, nosso diretor passa a instrução a todos: “Aqui no Sevilha nossa defesa não ultrapassa a linha do meio campo. Nunca”.
Eu jogo alguns jogos, chuto a bola por aí, olhando sempre para aquela linha. Somente olhando para ela, como um cachorro que está com medo de ultrapassar alguma linha invisível no quintal. Então, num jogo, por alguma razão, eu apenas me solto. Eu tenho que ser eu mesmo.
Eu digo, “Agora
Eu simplesmente vou. Ataque, ataque, ataque.
Funciona como se fosse mágica. Depois disso, o técnico diz: “OK, Dani. Nova estratégia. No Sevilha, você ataca.”
Em poucos anos, nós vamos de um clube que ficava na zona do rebaixamento para levantar a taça da Copa da UEFA duas vezes.
A tela escurece.
Meu telefone está tocando. É meu agente.
“Dani, o Barcelona está interessado em te contratar”
Eu não tenho que mentir desta vez. Eu sei onde fica Barcelona.




Este é o filme que roda na minha cabeça quando eu olho para o espelho antes de cada partida. Ao final, antes de eu voltar para o vestiário, eu sempre digo a mesma coisa para mim mesmo.
Mano, eu vim da Pqp.
E estou aqui agora.
É irreal, mas eu estou aqui.
…Bora.
Quando eu tinha 18 anos de idade, eu atravessei o oceano para jogar por um clube que jogava contra o Barcelona. Então ter a honra de jogar pelo Barcelona? Era incrível. Eu consegui ser a testemunha de um verdadeiro gênio.
Eu me lembro que, durante um treino, o Messi estava fazendo coisas com a bola nos pés que desafiavam a lógica. Claro, é o tipo de coisa que ele fazia todos os dias. Só que desta vez algo estava diferente.
Agora, eu preciso lembrar a você, era uma sessão de treinamento extremamente intensa. Nós não estávamos brincando, jogando bobinho. O Messi estava driblando, atravessando a defesa, e finalizando como um matador.
E então, enquanto ele está passando por mim, e eu olho para os pés dele, e eu estou pensando comigo mesmo: “Isto é uma piada?”
E ele está passando por mim novamente, e eu penso: “Não, é impossível”.
E ele está passado por mim novamente, e agora eu tenho certeza do que estou vendo.
As malditas das chuteiras estavam desamarradas. As duas.
Eu quero dizer completamente desamarradas. Esse cara estava jogando contra os melhores defensores do mundo, simplesmente flutuando, e ele age como se fosse um domingo no parque. E esse foi o momento em que eu soube que eu jamais jogaria com alguém como ele novamente na minha vida.
E então, claro, há Pep Guardiola.
Photo By Otto Greule Jr/Getty Images
Se você virar a palavra computador de trás para frente, vai aparecer Steve Jobs.
Se você virar a palavra “futebol” de trás para frente, vai aparecer Pep.
Ele é um gênio. Vou dizer novamente. Um gênio.
Se você virar a palavra “futebol” de trás para frente, vai aparecer Pep.
Pep contaria para você exatamente como tudo ia acontecer num jogo antes mesmo da partida começar. Por exemplo, o jogo contra o Real Madrid em 2010, quando nós ganhamos de 5-0? Pep nos disse antes do jogo, “Hoje, vocês vão jogar futebol como se a bola fosse de fogo. A bola jamais ficará nos pés de vocês. Nem meio segundo. Se vocês fizerem isso, não haverá tempo para que eles nos pressionem. Nós ganharemos facilmente.”
Quando nós saíamos de uma preleção como essa a sensação era de que o jogo já estava 3-0 para nós. Nós estávamos tão preparados, tão confiantes, que nós sentíamos que já saíamos ganhando.
A coisa mais engraçada era se nós terminássemos o primeiro tempo e o jogo não estivesse indo bem; Pep se sentaria e esfregaria a cabeça.
Você sabe como ele esfrega a cabeça? Você já deve ter visto, não? É como se ele estivesse massageando o cérebro, procurando o gênio para agarrá-lo.
Ele faria isso na nossa frente no vestiário. Então, como mágica, surgiria uma revelação para ele.
Bang!
“Já sei!”
Daí, ele pularia e começaria a dar as instruções, desenhando o esquema no quadro.
“Nós faremos isto, e isto, e isto; e então nós marcaremos o gol”.
Então nós saíamos e fazíamos isto, e isto, e isto. E era assim que nós fazíamos o gol. Era uma coisa maluca.
Pep foi o primeiro treinador da minha vida que me ensinou a jogar sem a bola.
E ele não somente exigiria que os jogadores mudassem seu jogo, ele nos fazia sentar e nos mostrava por que gostaria que nós mudássemos com estatísticas e vídeo.
Photo By David Ramos/Getty Images
Aqueles times do Barça eram quase imbatíveis. Nós jogávamos de memória. Nós já sabíamos o que nós iríamos fazer. Nós não tínhamos que pensar.
É por isso que, até hoje, o Barça está no meu coração.
E foi por isso que, quando nós batemos o Barcelona na Champions League, eu fui até meu irmão Neymar, e dei um abraço nele. Ele estava chorando, e eu estava quase chorando, também.
Eu posso imaginar as pessoas lendo isso, perguntando-se por que é que estou dividindo esses segredos.
Bem, a verdade é que estou com 34 anos. Eu não sei por quanto tempo ainda vou jogar. Talvez dois ou três anos. E eu sinto que as pessoas não me entendem, tampouco a minha história completa.
Quando eu vim para a Juventus nesta temporada, foi como se eu estivesse saindo de casa novamente. Eu fiz isso com 13, quando fui para a escola de futebol. Eu fiz novamente aos 18, indo para a Espanha. E fiz mais uma vez, aos 33, indo para a Itália.
Outra vez, eu estava como o cachorro no quintal. Eu estava olhando a cerca invisível.
Devo ir?
Mas eu não fui. No começo desta temporada, eu quis ter a certeza de que os jogadores da Juve entendiam que eu respeitava a filosofia deles, assim como a história do clube. Uma vez que eu tivesse a confirmação de ter conquistado o seu respeito, eu tentaria mostrar a eles minha força, também.
Um dia, eu olhei para a linha do meio campo e disse para mim mesmo, Devo ir?
Bang! Agora.
Ataque, ataque, ataque (e, OK, um pouco de defesa, também, ou Buffon ficará gritando comigo).
Às vezes, eu penso que a vida é um círculo.
Veja, eu não consigo escapar destes argentinos.
No Barça, eu tinha o Messi.
Na Juve, eu tenho o Dybala.
Photo By Daniele Badolato/LaPresse/Icon Sportswire
Os gênios me seguem em todo o lugar, eu juro.
Um dia, no treinamento, eu vi uma coisa no Dybala que eu vi no Messi. Não é apenas o dom do puro talento. Eu tenho visto isso muitas vezes na minha vida. É o dom do puro talento combinado com a vontade de conquistar o mundo.
No Barça, nós jogávamos de memória.
Na Juve, é diferente. É a mentalidade coletiva que nos levou até a final da Champions League. Quando o apito soar, nós simplesmente daremos um jeito de ganhar não importa a dificuldade. Ganhar não é apenas um objetivo para a Juve; é uma obsessão. Não há desculpas.
Neste sábado, eu tenho a chance de conquistar a 35ª taça em 34 anos de vida na terra. É uma oportunidade especial para mim, e isso não tem nada a ver com provar para a cúpula do Barcelona que eles cometeram um erro ao me deixarem sair de lá.
Eu sei que eles jamais vão admitir isso.
Esse não é o ponto.
Você se lembra quando eu contei a respeito da academia de futebol no Brasil, quando eu disse a mim mesmo que eu jamais voltaria para a fazenda até fazer meu pai ficar orgulhoso?
Bom, meu pai não lá uma pessoa muito emotiva. Eu nunca soube quando verdadeiramente alcancei aquele momento de fazê-lo ficar de fato orgulhoso. Durante a maior parte da minha carreira, ele estava em casa, no Brasil.
Mas em 2015 ele foi a Berlim para me ver ganhar a final da Champions League pela primeira vez pessoalmente. Eu me lembro que, após as comemorações pela conquista nos gramados, o Barça deu uma festa especial para as famílias dos jogadores.
Nós tivemos que entregar o troféu para as pessoas que nos ajudaram a realizar nossos sonhos. Então eu me lembro que, quando foi a minha vez, passei o troféu para o meu pai, e nós dois o estávamos segurando, posando para a foto.
Então, ele disse uma coisa, que, por ser um palavrão, eu não vou reproduzir aqui exatamente com precisão.
Mas, basicamente, ele disse algo do tipo “Meu filho é o cara agora”
E você quer saber? Ele estava chorando como um bebê.
Aquele foi o grande momento da minha vida.
No sábado, eu terei a oportunidade de jogar por outro troféu da Champions League contra um oponente bastante conhecido. Como sempre, eu estudarei o Cristiano Ronaldo como uma obsessão.

Como sempre, eu irei para a frente do espelho antes da partida e rodar o mesmo filme na minha cabeça.
A tela escurece, e eu me lembro destas coisas…
Minha cama de concreto.
O cheiro da terra molhada.
Meu pai carregando o tanque de veneno nas costas.
O caminho de 20 quilômetros até a escola.
O novo conjunto de roupa.
O varal de roupas vazio.
“Claro que eu sei onde é Sevilha”
Mano, eu vim da Pqp.
E estou aqui agora.
É irreal, mas eu estou aqui.

May 31 2017/


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